Um de Dois

Ainda que meus dedos fossem fogo Ainda que meu corpo fosse a medida do copo Ainda que fosse na paisagem de Van Gogh lúcido ácido único Seria ainda eu buscando seus lábios Cavalos indomáveis Pássaro sagrado de uma nova tempestade Seria eu ainda em teu corpo fera Teu corpo tela Tuas pernas emolduradas numa tarde de domingo Quisera eu ser menos bicho e ser mais mar Calmaria e sossego a navegar Mas é de impulsos Ritmos e bombas meu ato de respirar uma flecha incontrolável a atravessar seu olhar Uma chuva de cem anos querendo gotejar sua pele Seus olhos Seus pensamentos Quisera eu não mais ser tremor e agulha inquieta a rabiscar Ando procurando as tuas fagulhas tupinambá, Seu perfume verde Era seus pés ávidos pra descalçar

As vezes eu fico imaginando alguns domingos... Aqueles preguiçosos e cheios de beijos, conversas e filmes ao seu lado. Eu penso no seu mau humor em algumas segundas. O sorriso depois do gole de café Penso nos sábados na estrada indo para alguma praia ou no fim de semana com seus amigos no interior. Ou sábados com porres de amor em algum canto da casa depois de algum show. Penso nos seus atrasos de sexta ao sair para jantar. Sei que teremos o dia da comida :  dia de descobrir um prato novo! Ou o dia da leitura cada um no seu sofá O dia das besteiras Dos doces Das brincadeiras Do não querer parar de transar... Dias sem data ou hora pra comemorar Penso no dia das nossas brigas e de como a gente daria um jeito de consertar. O quanto a gente perderia as chaves de casa ou ligaria um para o outro só pra saber onde esta. Fico arquitetando como serão seus sorrisos maliciosos quando a gente se encontrar Se amar Se olhar Se desejar Eu penso na bagunça que você vai fazer quand