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Mostrando postagens de dezembro, 2013

O VAZIO DE SEUS OLHOS

Acompanho seus olhos em uma navalha o giro frenético das suas palavras as folhas de seu apartamento petrificadas um zunido metálico insiste na travessia das minhas costelas Blake e Van Gogh viraram poeira no meu quarto nenhuma abelha me visitou nenhum gafanhoto a peste sequer deu a volta sou martelado pela sua imagem no espelho... minha sala esta habitada por grãos e sete cavaleiros bebem as rosas na mesa o silencio é engolido pelo som de vespas vomitando ponteiros meus pés frios e a nuca emudecida sem seus dedos sem suas fagulhas sinto o afago de um deus enquanto agulhas tragam a fumaça dos seus braços suas retinas até daqui 100 anos-luz o consultório de espera é terrivelmente lodoso e acendo um maço de tempo a cada 5 minutos

VOCÊ NEM IMAGINA...

Você não faz idéia Nem se quer imagina Eu te desenho no meu quarto Dia após dia Brinco de invadir sua roupa Beber seus vinhos Imagino uma centena de fotos. Você e eu no sofá sozinhos... Imagino nossas festas Nossas gritarias As rosas sem espinhos A sua calcinha no meu bolso As reclamações dos vizinhos Nossos porres de risos. Imagino todo dia nossos banhos demorados Nossas brigas e nossas pazes Os bilhetes na geladeira Nossas propostas indecentes Os beijos safados Os olhares afiados, cúmplices e inciumados Vejo nossos domingos preguiçosos Uma rede pra deitar E uma centena de palavras pra conversar Continuo vendo tudo esperando você chegar.

PEDIDO DE UM MINUTO

Talvez só precisemos sentar um pouco conversar um tiquinho... Talvez o que nos falte seja dividir uma xícara, a mesma poltrona comer a mesma fatia de bolo. Nós precisamos deixar de ver o tempo pela janela  Devemos sair pela porta sem rumo  até o próximo Café até a próxima praia até o próxima esquina mal iluminada. Talvez o que nos falte seja uma rede na varanda um cachorro ou um quarto com cama de solteiro. Precisamos andar de bicicleta  andar a cavalo andar descalços andar do que for, mas que andemos juntos. Precisamos perder o medo de se olhar Precisamos parar de esconder os sorrisos  Precisamos dizer mais vezes Sim Precisamos deixar de precisar. Podemos ser melhores que um minuto Somos livres e mais vivos que nossos livros Devemos ser engraçados para nossos filhos  Contrariar nossos amigos. Talvez sejamos dois divididos em um.  

ALGUÉM PRA CHUVA E FERIADO

Eu quero alguém pra ficar ao meu lado. Alguém pra segunda de mal humor e morrendo de rir num feriado. Quero alguém de porta aberta que faça qualquer cama virar lindos quadros. Alguém pra tirar meu relógio Meu sono, minha paciência Meus medos e um sorriso quando eu estiver cansado. Alguém que se mova ! Que não feche os olhos Que renove as cantadas e as músicas... Que reinvente minhas gargalhadas. Quero alguém que grite e que saiba ser gritado Que brigue e que deixe ser apaziguado Que não facilite na conquista mas que saiba a liguagem dos meus olhares. Quero alguém que me olhe como no espelho e tenha orgulho de ser refletido e admirado. Quero alguém falho pra dividir os erros e sábio pra saber onde erramos Esse alguém pode ser roto O que importa é sua dignidade... Sua capacidade de sumir no bloco e mostrar sua lealdade. Quero brigas de ciúme E pazes no sofá a noite Preciso me sentir abrigo e que também posso ser abrigado Quero alguém pra vida Mas que eu possa enc

PARA QUANDO PASSAR O CARNAVAL

Dizem que estou louco e fora de mim Fui proibido de ir a Lapa. Silenciaram meu tamborim! Pois fui gritando pela Vila que teu nome era uma Escola e nela eu era o mestre,o surdo e o arlequim. Fui cambaleando  Ateando fogo nas calçadas, matando o tempo a pauladas pra ver se essa dor tinha fim. Que ilusão mais amarga esse enredo deixou em mim. Atirei pela janela aquela farra! A mulata, a mestiça e até loira que me olhava Pendurei a camisa,o terno branco e o cordão de prata. Preparei a letra,afinei o bumbo, troquei a caixa! Me fiz de cego pra passista e fechei a boca pra cachaça. Quando armei a roda toda, transformei em casa o meu barraco, Você diz que não é isso Finge não saber a letra, Atrasando o compasso. Diz que me trocou por outra escola Mudou a cor da tua camisa... Foi ser rainha em bateria Depois do desfile, Me encontre Na Consolação ou Botafogo Tanto faz... Vou fazer um verso novo Desses que te invade o peito Pra lembrar que me ama E que no meu batuque

UMA DESSAS DORES MALVADAS

Me da a volta que te dou o fico, a casa, a louça,a janela, o carro e os filhos A saudade é uma bala lenta... Do disparo ao tombo leva alguns anos Eu não sei onde anda a sua consciência Não sei onde foi parar a sua decência Preciso do meu peito inteiro Coração rachado não faz tum-tum Não é ritmado Não tem batida É choro desatado É um descompasso Um desconforto desgraçado É um dodoí desatinado Não tem homem que guente ficar assim desarmado

SOBRE A PEQUENA

Como é linda aquela pequena... Começando pelos olhos! Que olhos! Que olhos! Vivos e claros cor de tacho. E as pernas? São desses casos raríssimos em que basta olhá-las, já se atacam os pulmões de um sujeito com asma. Terrível! E a boca.Duas almofadinhas vermelhas! No resumo, uma tormenta de salto.Uma dessas moças dignas de uma revolução contra os bons modos.

UMA PEQUENA DAQUELAS

Como é linda aquela pequena... Começando pelos olhos!   Que olhos! Que olhos! Vivos e claros ...cor de tacho. E as pernas? São desses casos raríssimos que só de olhar, atacam os pulmões do sujeito com asma. Terrível! E a boca. Duas almofadinhas vermelhas!!   No resumo, uma tormenta de salto... uma dessas moças dignas de uma revolução contra os bons modos.